quinta-feira, 29 de maio de 2014

VELHO SENTE SAUDADE DE MÃE E DE PAI.


Sabe quando a gente pega um livro prá ler, e na primeira página você já sabe que é o livro que estava esperando, aquele que vai te fazer se apaixonar pela história, que não deixará teus olhos se fecharem para dormir, ao contrário, você prolongará o seu dia, indo dormir na madrugada, e ainda porque, no outro dia, precisa levantar cedo para trabalhar?
Então...
É o que está acontecendo comigo.
E o livro não é meu!!!!
Isso é um sacrilégio!!!!
Ler um livro desse, e não me pertencer!
Vocês estão curiosos para saber do livro não é?
Talvez já tenham lido.
E ficarão frustrados com toda a minha alegria. Mas eu só conhecia um texto deste livro.
E na primeira página, coleto tanta coisa boa!
Veja isso!
 
" Velho sente saudade de mãe e de pai. Tudo faz tanto tempo! Velho quer colo, quer colher na boca vindo de longe com motor de aviãozinho, quer-banho tomado- que o ponham na cama, o aconcheguem com lençol limpo e travesseiro macio. Uma história conhecida, uma canção de ninar, um beijo de boa noite. A porta do quarto um pouquinho aberta, com a luz do corredor acesa- o ponto de referência é sempre bom. Velho sente falta de instância superior. Quem o julgará com isenção e sabedoria? Quem melhor que ele,  saberá, imparcial, examinar o mérito da questão? Velho é criança de fôlego diferente...
 
Deixei vocês com água na boca?
Me levou a um tempo que não volta mais.
Me levou aos  "Boa Noites e Bons Dias" com minha mãezinha querida.
Das nossas brincadeiras...
Onde ela acordava mais tarde, pelo efeito de algum medicamento, e eu ia lá e Dizia:
Bom dia Dona Maria!
E ela  respondia:
Bom dia Dona Maria!
Aí então eu falava:
Mas está tarde, então...
Boa tarde Dona Emegarde!
E ela achava graça, e ria gostoso!
 

Este livro fala dessas lembranças, histórias de família.
chama-se "Arroz de Palma"  de   Francisco Azevedo.
 
Irani Martins
29/05/2014

segunda-feira, 26 de maio de 2014

UM CALDINHO ESPANTA O FRIOZINHO!

 
                      Caldinhos
(antes deixar preparado o recheio do caldo.)
(Cozinhar 100 grs  de peito de frango, com ½  caldo de galinhae depois  desfiar  e fazer um refogado com azeite, 1 tomate picadinho, cebola batidinha, alho e temperos diversos, como pimenta, ervas e cheiro verde a gosto.)

Reserve o líquido que cozinhou o frango
 
Preparar a base do caldo:
6 batatas cozidas com ½ caldo de galinha  amassadas.
Reserve o líquido que cozinhou as batatas.
Faça um refogado de cebola batidinha, alho, e azeite, e coloque a batata amassada.
Coloque o líquido que cozinhou o frango e as batatas e veja o sal.
Se quiser acrescente ervilhas.
Veja a cremosidade do caldo.
A quantidade é suficiente para 2 pessoas.
Sirva em uma cumbuca ou prato fundo colocando por cima um pouco do refogado,
e se gostar queijo ralado..
Opcional.
 
Bacon em cubinhos bem sequinhos também vão bem em caldos.
Outra boa dica, é substituir a batata por cabotiã, e fazer o refogado de carne seca desfiada.
 
Bom apetite! 

sábado, 24 de maio de 2014

QUEM É VOCÊ?

 

QUEM É VOCÊ?

Você,
que está comigo, e sem falar me ouve,
 que vive nos meus pensamentos,
E para ti falo tanto?

Para você meu amigo, conto tudo!
 Nada escondo,
 porque moras dentro de mim.
Você é o ser que me conhece mais que a mim,
no entanto, só te encontro aqui...
Bem dentro de mim.

 Te crio, conforme preciso,
te busco conforme a solidão se instala,
Você nem sabe,
mas te amo, por me ouvir e estar ali,
sempre à mão.

Às vezes você é meu irmão,
 aquele de carne, irmão de sangue,
que trago preenchendo minhas ausências,
para te contar tudo o que aqui me vai.

Às vezes, tu és um primo, querido,
que está distante, mas por lembranças queridas,
te julgo meu confidente.

 Tem dia, que te trago aqui,
você, meu amigo,
 companheiro de antigas jornadas,
que marcou a minha vida,
 deixou suas partes em mim, e agora,
sozinha, te busco para te contar.

Muitos momentos te trago,
minha mãezinha querida,
com medo de atrapalhar seu descanso,
mas existem aqui tantos vazios, que supres, 
 só por saber de mim e me ouvir apenas.

 E nas horas de maior dor,
aquela saudade que aperta,
e não posso clamar por presença,
te trago, filhos amados,
e lhes falo dessa ausência tão longa!

 Quem é você, meu amigo,
Que está sempre comigo,
Nas minhas noites de insônia,
nas minhas tristezas infindas?.

És, um irmão, um filho, um amor,
um pai, às vezes mãe,
meu amigo, aquele,
 para quem desnudo meu mundo,
 entre lágrimas, choros e risos.

Todos que amo, eu busco,
 
e aqui quero comigo,
quando não posso ter a presença...
  que se toca!

Mas você está tão presente!
mediante a intimidade que fica,
 que se não te toco com as mãos,
 toco-te com minha alma.

 Nem sempre são só tristezas,
vezes há,
que as notícias são boas,
mas à volta não encontro
quem me ame a ponto de comigo festejar.

 Aí eu faço assim...
escolho, um de vocês...
Um amigo, um irmão,
um filho, um amor,
e trago aqui para dentro,

 E falo, falo e conto...
No meu diálogo capenga,
onde somente eu falo tanto,
 mas fico aqui na esperança,
De ter alcançado seus sonhos.

Mas o que mais me admira,
é que prá você...
 conto tudo!
Mas se vier...
Provavelmente...
nada direi!
Quem é você?

 Você é o que eu queria que fosse,
 nestas horas tão incertas,
e trouxesse com você um carinho,
 um abraço,
uma palavra,
qualquer coisa, que rompesse, esse momento,
o cordão da solidão!

 Irani Martins
22/05/2014
 

UM FILME, UMA COMPAHIA, UM SOFÁ, UMA COBERTA E UMA BEBIDA QUENTE. QUER MAIS O QUE?

E para aquecer o inverno,
algumas dicas de bebidas que ajudam a trazer um calorzinho a mais, pela temperatura da bebida e pela deixa que proporciona ao convidar aquela pessoa especial para degustar juntinho no sofá, sob as cobertas, e talvez...se o clima permitir...um filme daqueles...
 
"NOITES DE TORMENTA"
"GHOST - DO OUTRO LADO DA VIDA"
"P.S.  EU TE AMO"
"UMA LINDA MULHER"
"SIMPLESMENTE AMOR"
 
Eu, falando francamente, assistiria,
Noites de tormenta.
Todos merecemos viver uma linda história de amor.
 
 
 
  


 

E O DIA AMANHECEU ASSIM...



Friozinho...

A chuva caiu mansa, lavando as impurezas, trocando as cores, escurecendo,
 pra um outro colorido surgir, coroado de novos tons.

Tal qual nossa alma,
 que se banha no choro que rompe, limpando as impurezas  
e trevas  das nossas tristezas.

Até o vento cedeu um tempo,
para nos proporcionar um momento único.

É como se tudo perpetuasse,
para curtirmos a novidade, a paisagem de
um dia diferente.

O sol se afastou,
permitindo uma pequena bruma.
E o fez como um tributo a nós,
 permitindo-nos um momento em que nossa alma fica a ansiar por um aconchego maior,
um pouco mais de contato físico,
buscando um calor que não o dele,
mas de nós mesmos.

Nos convidando a um momento de calor humano para o corpo e para a alma.
 
Da cozinha,
chega o primeiro sinal  de que
alguém já  prepara
 o momento...

Do calor humano, do aconchego
 que vem vindo...com...

“O cheirinho do café coado”


Canecas à mão,
no quentinho da cozinha,
 todos se sentam à mesa,
saboreando o café, quente, pois assim é servido,
mas com o calor especial de se estar ali juntos.
 
Irani Martins
24/5/2014
 

sábado, 17 de maio de 2014

SAWABONA SHIKOBA




Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.

O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.

Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.

A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.

Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo.

O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.

A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.

Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.

E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa.

As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.

Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.

Cada cérebro é único.

Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.

Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.

Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...

Caso tenha ficado curioso(a) em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM".

Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é "ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ".



:: Flávio Gikovate ::


SAWABONA!!!

Sawabona Shikoba



SAWABONA!!!



Há uma "tribo" africana que tem um costume muito bonito.
Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia.
Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas que ele já fez.
A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom.
Cada um de nós desejando segurança, amor, paz, felicidade. Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros.
A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro.
Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente:
"Eu sou bom".

Sawabona Shikoba!

SAWABONA,


 É um cumprimento usado na África do Sul

 e quer dizer:

"Eu te respeito, eu te valorizo.
 Você é importante pra mim"

Em resposta as pessoas dizem:

SHIKOBA
que é:

 "Então, eu existo pra você"

sexta-feira, 16 de maio de 2014

VIDA CINZENTA, COLORIDO DO SABER.


VIDA CINZENTA,
COLORIDO DO SABER.


Vida cinzenta......

Ombros cansados...
Pernas doídas...
Vida sem janelas !



Em casa, vida incerta,
Suado , desanimado...
Cansado !
Vida sem cor.


No horizonte, prevejo apenas o tempo;
Chuva, sol...

O dia corre lento...


Até que um dia...
Pessoas que eu nem sabia,
Esclarecidos !
Embora... também, cansados, 
Vieram à minha morada.
Vida sem cor...



Se importaram com as minhas janelas...
Falaram de horizontes...
Mostraram-me o arco iris, 
Ao abrir minha janela.




O horizonte!
Com indícios de mudança de tempo...
Chuva de saber...
Sol de iluminação, 
Mundo da alfabetização !


Já não vi a vida cinzenta,

Olho pela janela...
Já não sou um excluído,
Embora, sujeito sofrido.


Ombros cansados...
Pernas doídas...
Olho pela minha janela...
A vida é bela...
E eu faço parte dela.



Chego cansado...
Cumprimento apressado...
Banho tomado...
Bolsa de lado, 
Rumo à estrada....




Sento no banco, 
Olho de lado...
Sorriso franco...
Igual ao meu.



À minha frente, 
Embora, também, cansado,
O abridor de janelas...


Sorrindo pela conquista...
De ser tijolo e cimento,
Na causa do conhecimento.




Não esperou pelas glórias,

Apenas...simplesmente...
Colheu a vitória, 
Ao me ver... 
escrevendo a história.



Irani Martins
(ainda professora) 2001

“Meu encanto precisa da saudade...”



“Meu encanto precisa da saudade...”


“Era uma vez uma menina que amava um pássaro encantado que sempre a visitava e lhe contava estórias, o que a fazia imensamente feliz.
Mas chegava um momento que o pássaro dizia: “Tenho que ir”. 
A menina chorava porque amava o pássaro e não queria que ele partisse. 
“Menina”, disse-lhe o pássaro, “aprenda o que vou lhe ensinar: eu só sou encantado por causa da ausência. É na ausência que a saudade vivi.
E a saudade é um perfume...e que torna encantados todos os que o sentem. 
Quem tem saudades esta amando.
Tenho que partir para que a saudade exista e para que continue a amá-la e você continue a me amar...” E partia.

A menina, sofrendo a dor da saudade maquinou um plano: quando o pássaro voltou e lhe contou estórias e foi dormir, ela o prendeu em uma gaiola de prata, dizendo: 

“Agora ele será meu para sempre.” 
Mas não foi isso que aconteceu.
O pássaro, sem poder voar, perdeu as cores, perdeu o brilho, perdeu a alegria, não tinha mais estórias para contar. 
E o amor acabou. 
Levou um tempo para que a menina percebesse que ela não amava aquele pássaro engaiolado. 
O pássaro que ela amava era o pássaro que voava livre e voltava quando queria e ela soltou o pássaro que voou para longe.”


Rubem Alves in
A menina e o pássaro encantado

terça-feira, 13 de maio de 2014

Dói-me a Vida aos Poucos


 Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro. Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno. 
A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá, e é esta a razão intima de todo o meu sofrimento.
Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueça.


 Tudo isto aconteceu há muito tempo, mas a minha mágoa é mais antiga. 
 Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a consciência do meu corpo, que sou a criança triste em quem a vida bateu.
Puseram-me a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos o brinquedo partido que me deram por uma ironia de lata.

Hoje, dia catorze de Março, às nove horas e dez da noite, a minha vida sabe a valer isto. 
No jardim que entrevejo pelas janelas caladas do meu sequestro, atiraram com todos os balouços para cima dos ramos de onde pendem; estão enrolados muito alto, e assim nem a ideia de mim fugido pode, na minha imaginação, ter balouços para esquecer a hora. 
Pouco mais ou menos isto, mas sem estilo, é o meu estado de alma neste momento. 
Como à veladora do «Marinheiro» ardem-me os olhos, de ter pensado em chorar. 
Dói-me a vida aos poucos, a goles, por interstícios. Tudo isto está impresso em tipo muito pequeno num livro com a brochura a descoser-se. 

Se eu não estivesse escrevendo a você, teria que lhe jurar que esta carta é sincera, e que as cousas de nexo histérico que aí vão saíram espontâneas do que sinto.
Mas você sentirá bem que esta tragédia irrepresentável é de uma realidade de cabide ou de chávena — cheia de aqui e de agora, e passando-se na minha alma como o verde nas folhas. 
Foi por isto que o Príncipe não reinou. Esta frase é inteiramente absurda. Mas neste momento sinto que as frases absurdas dão uma grande vontade de chorar. 
Pode ser que se não deitar hoje esta carta no correio amanhã, relendo-a, me demore a copiá-la à máquina, para inserir frases e esgares dela no «Livro do Desassossego». 

Mas isso nada roubará à sinceridade com que a escrevo, nem à dolorosa inevitabilidade com que a sinto. 

 Fernando Pessoa, in 'Carta a Mário de Sá-Carneiro (1915) ' 

A LENDA DO JOÃO-DE-BARRO



 Contam os índios que, há muito tempo, numa tribo do Sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza. 
 Melhor dizendo: apaixonaram-se. 
 Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento. O pai dela então perguntou:
- Que provas podes dar da tua força para pretenderes a mão da moça mais formosa da tribo? - As provas do meu amor! - respondeu o jovem.
 O velho gostou da resposta, mas achou o jovem muito atrevido. Então disse:
- O último pretendente de minha filha falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
- Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei. Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova. Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram, dia e noite, vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. 
 A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo, para ser o seu amor. O tempo foi passando, passando ... e certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer! O velho respondeu:
- Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece. 
 E esperou até a última hora do novo dia e então ordenou: 
- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé. Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seus olhos brilhavam e seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Na aldeia todos se espantaram, e ficaram mais estupefatos ainda quando o jovem, ao ver a sua amada, pôs-se a cantar como um pássaro, enquanto o seu corpo, aos poucos, ia se transformando em um corpo de pássaro. E exatamente naquele momento os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em pássaro.
 Então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta, onde desapareceram para sempre. Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro. A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem a sua casa e protegem os seus filhotes. 
 E os homens amam o João-de-barro, porque lembram da força de Jaebé: uma força que vinha do amor e foi maior que a morte! 

 O pássaro João de Barro: São monógamos e os casais permanecem unidos por longo tempo. Defendem seu território ao longo de todo o ano, tanto a fêmea como o macho, mas podem pernoitar fora de sua área.3 Têm o hábito de cantar juntos à entrada do ninho, agitando suas asas.

 O casal se reveza na construção do ninho, uma estrutura em formato de forno, levam aproximadamente 18 dias para construir o ninho 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

COMO VOAR ATÉ O CORAÇÃO DO HOMEM?

POEMA VIGÉSIMO NONO

As cotovias mandaram chamar a Palavra,

 e disseram-lhe: 
Gostaríamos de voar contigo!
 Por quê?, disse a Palavra,
 se podeis livremente voar  no azul do céu, 
sobre o mar, e também sobre  bosques e searas, poisar até no cume frio  das altíssimas montanhas.
 Pois sim, concordou uma delas,
 mas como faremos  para voar, como tu, 


até ao coração do homem?

 E a todas a Palavra respondeu:
 Não, amigas, 
não sou eu  que voo até ele. 
É o seu coração que sempre me procura
 para oferecer-me a capacidade e a alegria de voar
 para lá do azul do céu e para lá da imensidão do mar,
 muito para além dos bosques, das searas,
 e mais alto, ainda mais alto 
que o cume frio  das montanhas.
 Sem nunca chegar ao fim  de nada,
 mas ao início  de tudo.

 Joaquim Pessoa

sábado, 10 de maio de 2014

DIA DAS MÃES "Uma proposta de reflexão"

O TEMPO E OS  AMORES

A gente vive os dias, acreditando que o tempo é eterno.
Não estamos errados.
O tempo é eterno.
O que não é eterno é o tempo que temos junto aos seres com os quais convivemos.
Seres amados, ou não....

E por amá-los ou não, é que precisamos ter a exata noção do quanto esse tempo é limitado, mesmo que em nossa "inocência ou ignorância temporal", julgamos que teremos uma vida longa ao lado de cada um deles.

Deixamos que esses dias valiosos se escorram tal qual areia na ampulheta, despreocupados, irresponsavelmente iludidos.

Se nossa convivência com algum deles não são baseados no amor, é preciso dia a dia um exercício de tolerância, paciência, indulgência, perdão, que pode, com certeza nos levar ao exercício do amor. 
De início acontece meio tímido, meio frio, não é fácil o toque.
Mas se buscarmos o melhor de cada um, dia a dia, com a noção exata de que o tempo corre e nós demoramos a pensar, tomar decisões e agir, com certeza, estaremos no caminho certo, e o tempo de convivência reservado a nós com estes seres serão bem aproveitados. 
Chegará então um dia, que tocar será prazeroso, que abraçar será natural, sorrir junto será uma dádiva.
E poderemos então dizer que foram amados por nós e nós por eles.
E se essa convivência for, com seres já amados por nós, a afinidade existe naturalmente.
Mas é preciso cuidado, pois mesmo o amor mais puro, exige de nós atenção para que se mantenha vivo.
Dia a dia uma rega de carinho e atenção.
Há o tempo de viver com os amores.
E haverá o tempo da saudade.
O tempo é eterno e o tempo é curto.
E só depois que o tempo com esses amores se acaba, é que temos a noção do quanto tudo foi rápido e pouco.
Aí vem a sensação de que podíamos ter feito melhor, aproveitado melhor esse tempo.
Então...para esse dia das mães, uma reflexão sobre o tempo.
Para os filhos...que pensem em suas mães. No tempo que convivem com elas. 
Para as mães, que pensem em suas próprias mães, em seu tempo como filhas.
Sempre pensando no valor que tem o tempo.
Em mente a duração do tempo.
E que o tempo é eterno, mas termina com a saudade de um ser amado que parte para outra vida.


Irani Martins
09/05/2014

terça-feira, 6 de maio de 2014

REFLEXÕES... AS DORES DA ALMA


Dores da Alma

 O que arde em meu peito,
Semelhante saudade,
Tal  dor refletida,
No espelho da alma?
O que traz aos meus olhos,
Esta lágrima solitária,
E dentro do peito,
O soluço contido?
Por que esta vontade,
De me por deitada,
Deixando que a vida,
Flua sozinha e eu quietinha?
 
Por que o abraço, mesmo apertado,
Não traz o alívio,
Há tanto esperado?
Porque a solidão, tal qual uma prisão,
Me deixa distante,
Me traz  isolada,
Me faz  abalada?
Por que esta angústia,
De que nem porque,
Que arrasta meu corpo,
Tal qual um boneco,
      
       De Alma sem eco?
O verso sem rima,
Sem cor ou alegria,
Será companhia prá  alma vazia?
O choro contido,
Será convertido em riso,
Sorriso,
Levando prá sempre,
A tristeza presente?
Aqui estou eu, boneco sem eco,
Pedindo... implorando,
A Deus, meu amigo,


Que traga a calma,
A paz e alívio
Às dores da Alma.
Irani Martins
15 de agosto de 2012.