sábado, 26 de novembro de 2016

VESTI AZUL

VESTI AZUL

Vesti azul...
E saí, em busca do meu sol amarelo,
Mesclando cores, trazendo novos matizes ao meu arco íris, já um tanto desbotado,
Vesti azul,
E misturei a cor com o vibrante tom amarelo do meu sol interior,
Pintei novas paisagens dentro de uma nova alegria,
E trouxe novas nuances ao meu novo dia,
Onde o tom de cinza apenas participa, se solidarizando às outras cores, em irmandade,
Trazendo outros matizes, novos coloridos, na composição que surge,
E na minha obra final,
O artista expressa a alma,
As combinações das cores fixam o brilho dos olhos,
E novas nuances na boca, perpetuam a vibração das cores,
Em um sorriso alegre, vivo!
Expondo o sol incandescente que lhe vai dentro.
 A mensagem chega,
Na composição de cores, nuances matizes,
De olhos e bocas que falam de alegria,
Mas, a obra pede apenas mais um retoque,
Um tom,
Para encerrar e expor a sutileza,
Cor indefinida, aos olhos materiais,
Que se expressa em movimentos,
E se constrói no coração de quem lê a obra,
Com os olhos do coração,
A cor do abraço que estou a lhe enviar.

Irani Martins

26/11/2016

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ESPETÁCULO NOTURNO



ESPETÁCULO NOTURNO

E a noite monta o cenário,
Faz a chamada,
Do Astro Rei que encena a triunfante retirada,
Cheio de pompa,
Deixando rastros coloridos, mesclados à noite que adentra,
Pintando o céu de esplêndidas paisagens.
E a noite no aguardo da Lua,
Que, em sua fase minguante,
Perdeu parte da sua luz, se intimida,
E tarda a responder ao chamado,
E o cenário noturno paira vestido de negro,
Até que surge o imprevisível,
Ornamentando a noite com fascinante espetáculo,
Aproveitando o momento oportuno,
Ostentando sua luz cintilante,
Riscando a noite negra,
Entra em cena,
O humilde vaga-lume.
E a lua, devagarinho se aproxima,
Tímida,
À meia luz,
Tornando o cenário perfeito,
Convida, Eu e Tu,
A nos amarmos, como outrora!

Irani Martins

21/11/2016

terça-feira, 15 de novembro de 2016

SOU FORÇA


A força está por aí,
Espalhada no universo,
Em seu formato atômico.
Buscá-la, demanda sintonizá-la,
Em pensamento.
A criatura, age, buscando sua origem,
Se integrando ao seu habitat.
Gira, à procura da força,
E nesse círculo que forma,
De procura, busca e desencontros,
Acaba por se encontrar,
Descobre-se em si mesmo.
Sou átomo, sou energia,
Sou parte desse todo universal.
Sou força!
O círculo se fecha.
E eu andava à procura da????
O que busco?

Irani Martins

25/04/2014

domingo, 13 de novembro de 2016

"A ESTRADA"



A ESTRADA
Toda estrada guarda uma história,
Dos pés que ali pisaram,
Dos que à sombra se sentaram,
Conversando com o vento,
Contaram das emoções nascidas,
Regaram as alegrias ou tristezas,
Com as lágrimas vertidas.
E seguiram,
Deixaram naquela estrada algo de si,
E levaram a leveza do escutar silencioso,
Isento de julgamento,
Sabedora de todas as alegrias e dores dessa vida,
Experiente, das dores alheias,
Apenas recebe os que por ela passam,
Acolhedora,
E todos se vão,
Estão de passagem,
Seguem seu destino,
Deixando ali algo das suas dores, prazeres, conflitos e sonhos,
Passos lentos, apressados, animados, temerosos,
Preguiçosos, indolentes, sonhadores e descrentes,
Vão deixando seus rastros de...
De flores,
Ou dores
E a estrada ali permanece,
Reflexiva...

Irani Martins

 13/11/2016

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A MULHER INVISÍVEL LEGENDADO.wmv







A nossa vida toda é construída sobre nossas ações.
Cada gesto, cada tarefa dentro do nosso lar ou do ambiente de trabalho é peça, ferramenta e material na construção da nossa história.
Mas muitas vezes, nos sentimos desvalorizados, pois por melhor que seja o nosso feito, por mais que tenhamos posto o melhor de nós nessa orbra, parece que ninguém vê.
Nunca recebemos o nosso reconhecimento.
E sempre ficamos esperando um gesto de retribuição ou reconhecimento.
Fica difícil conviver com o fato de não ser reconhecida.
Aí me lembre de um texto de Madre Tereza, que nos coloca no centro da sua compreensão.
Então...além de Deus...alguém sabe!
"Madre Tereza de Calcutá"
"O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã.
Faça o bem, assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante,
Dê o melhor de você, assim mesmo.
Veja você que, no final das contas é
Entre Você e Deus e não entre você e os homens"
(apenas um pedaço do seu texto)
Irani Martins.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

“A PIOR FORMA DE POBREZA”


“A PIOR FORMA DE POBREZA”,
               por Hirondina Joshua

Os antigos aqui em Moçambique, quando dizem que alguém é pobre, saiba que é órfão ou é sozinho.
Aqui na minha terra a pobreza não se mede pelos bens materiais. Pobre é aquele que não tem ninguém.
Mede-se a riqueza pelo número de pessoas com quem podemos contar, tenhamos com elas laços de sangue ou não.
Então estes conceitos de pobreza e nobreza transcendem questões materiais. Ora, ter alguém com quem contar é mais que ter um carro ou uma casa ou mesmo uma grande conta bancária.
Nestes tempos de globalização, até a pobreza mudou de gestos: olha para o ocidente. E o contrário é sem dúdiva um acidente.
Vamos fugindo da nossa pobreza para a pobreza dos outros.
Não será esta a pior forma de pobreza?


sábado, 8 de outubro de 2016

PRENDI O CANTO DO PÁSSARO, CONTIGO, NA GAIOLA.


PRENDI O CANTO DO PÁSSARO, CONTIGO, NA GAIOLA.

Quando vi que o som da natureza não te acordou,
Que o canto dos pássaros, não adentrou o seu mundo,
Que não mais via o mundo com os mesmos olhos,
E todo o som que ouvia, era o ruído dos seus próprios pensamentos,
Prendi o canto do pássaro em uma gaiola,
E coloquei à sua frente,
Na esperança que renascesses...
Vivi um mundo inquieto,
De olhos atentos,
De “ouvidos em pé”,
De silêncio profundo,
Esperando sinais...
Um brilho nos olhos,
Uma palavra muda,
Um som que falasse...
Um gesto de vida.
E o canto engaiolado foi trinando mais alto...
Repicava a garganta, o canário que cantava,
Se não sabia em consciência,
Adivinhava a responsabilidade do seu canto,
E cantou...
Aprendeu novas notas,
Criou novos compassos,
E tornou mais belo o seu canto,
Adentrou o ouvido que se mostrava surdo,
Deu vida aos olhos embaçados,
Movimentou a boca num sorriso tímido,
Trouxe ação ao corpo que se mantinha inerte.
E este, num momento de descuido,
Se fez vivo,
E trouxe uma companhia para seu pássaro cantante,
Quanto te vi,
Surdo para som do mundo,
Prendi o canto do pássaro contigo na mesma gaiola,
E trouxe a vida de volta para ti.

Irani Martins
07/09/2016



terça-feira, 20 de setembro de 2016

 

Pedaços de mulher

(...) Quantos pedaços formam uma mulher? Tantos que ela vive inacabada.
Nossos pedaços custam a se encaixar. O epicentro do quebra-cabeça costuma ser a maternidade, um pedaço grande que precisa combinar com o pedaço da luxúria, com o pedaço da solidão e também com aquela partezinha da preguiça, que ninguém avisou que fazia parte do jogo.
Há peças variadas, que vistas separadamente, não têm nada a ver uma com a outra, mas juntas fazem o shazam. O pedaço da submissão que precisava encaixar com o pedaço da rebeldia, o pedaço da juventude que tem que encaixar com o pedaço da menopausa, um pedaço desgarrado que tem que encaixar com o imenso pedaço da nossa árvore genealógica, e vários outros pedaços aparentemente sem combinação: nossa parte homem, nossa parte criança, nossa parte louca, nossa parte santa, nossa parte lúcida, nossa parte conveniente, nossa parte viciada, e mais aquelas desgastadas pelo uso, e umas que se perderam, e outras tão pequenas que ficaram invisíveis. Como encaixar o que não se revela nem para nós mesmas?
Almadôvar filma as mulheres como se elas fossem pizzas de vários sabores. Mezzo freiras, mezzo HIV positivas. Mezzo doces, mezzo apimentadas. Mezzo dramáticas, mezzo divertidas. Almadôvar nunca fecha o quebra cabeça, apenas esparrama na tela os vários pedaços que, unidos, nos transformariam num ser único, e que, uma vez pronto, já não empolgariam ninguém.Daí a importância se haver sempre uma peça faltando, pois é isso que nos mantém acordados, assim no cinema como na vida.
Martha Medeiros

domingo, 28 de agosto de 2016

A PRESSA DO TEMPO...


A PRESSA DO TEMPO

Já não basta o coração estar anoitecendo pela saudade,
Vai-se também o sol...
O tempo, o regente da vida,
Cada dia mais rápido,
Desnorteia-me...

O sol, nem bem termina seu ato,
A lua já está no palco,
Meio sem graça, com a pressa do tempo,
Que impõe sua estreia,
Ofuscando a despedida do sol,

Mas como dama da noite,
Elegante e gentil,
Faz-se pálida,
Demora um pouco...
A mostrar sua linda claridade!

(mas...Minha saudade permanece...).

Irani Martins
29/05/2015



sexta-feira, 5 de agosto de 2016

TEM DIAS QUE SÃO ASSIM...


     
                                          


TEM DIAS QUE SÃO ASSIM...



Tem dia que o sol se abre,


Tem dias, que a chuva chega,


Tem dia, que o sol se apaga,


Tem dia, que tem arco íris,


Tem dia, que sou sorriso,


Tem dia que sou só líquido,


Tem dia, sou quase anjo,


Tem dia, uso tridente,


Tem dia, me nascem penas,


Tem dia, elas se queimam,


Tem dia, que abraço o mundo,


Tem dia, eu quero abraços,


Tem dia, eu colho a vida,


Tem dia, que eu planto a morte,


Tem dia, que subo ao céu,


Tem dia que desço às trevas,


Tem dia que sou só luz,


Tem dia, que tudo é escuro,


Tem dia que sou tão eu...


Tem dia que busco a mim...


Tem dia que sou assim...


Um arremedo de mim!


Irani Martins

05/08/2016

TEM DIAS QUE SÃO ASSIM...


     
                                          


TEM DIAS QUE SÃO ASSIM...


Tem dia que o sol se abre,
Tem dias, que a chuva chega,
Tem dia, que o sol se apaga,
Tem dia, que tem arco íris,
Tem dia, que sou sorriso,
Tem dia que sou só líquido,
Tem dia, sou quase anjo,
Tem dia, uso tridente,
Tem dia, me  nascem penas,
Tem dia, elas se queimam,
Tem dia, que abraço o mundo,
Tem dia, eu quero abraços,
Tem dia, eu colho a vida,
Tem dia, que eu planto a morte,
Tem dia, que subo ao céu,
Tem dia que desço às trevas,
Tem dia que sou só luz,
Tem dia, que tudo é escuro,
Tem dia que sou tão eu...
Tem dia que busco a mim...
Tem dia que sou assim...
Um arremedo de mim!

Irani Martins

05/08/2016

TEM DIAS QUE SÃO ASSIM...


     
                                          


TEM DIAS QUE SÃO ASSIM...


Tem dia que o sol se abre,
Tem dias, que a chuva chega,
Tem dia, que o sol se apaga,
Tem dia, que tem arco íris,
Tem dia, que sou sorriso,
Tem dia que sou só líquido,
Tem dia, sou quase anjo,
Tem dia, uso tridente,
Tem dia, me  nascem penas,
Tem dia, elas se queimam,
Tem dia, que abraço o mundo,
Tem dia, eu quero abraços,
Tem dia, eu colho a vida,
Tem dia, que eu planto a morte,
Tem dia, que subo ao céu,
Tem dia que desço às trevas,
Tem dia que sou só luz,
Tem dia, que tudo é escuro,
Tem dia que sou tão eu...
Tem dia que busco a mim...
Tem dia que sou assim...
Um arremedo de mim!

Irani Martins

05/08/2016

sábado, 23 de julho de 2016

NUNCA SOUBEMOS DANÇAR, MAS JÁ DANÇAMOS DE TUDO!



NUNCA SOUBEMOS DANÇAR, MAS JÁ DANÇAMOS DE TUDO!
E o tempo vai arredondando os anos, acrescentando outros, incluindo novos capítulos ao livro da vida, desbotando as velhas lembranças, nos presenteia com novos amores e nos rouba outros de nossas vidas.
Escrevemos a nossa história um tanto mais devagar, agora.
O ritmo frenético do rock in rol, passou pelo romantismo de “detalhes” de Roberto Carlos, bailou algumas vezes em ritmo de bolero e samba que se fingia dançar, apenas pelo prazer de se tocar. E chega aqui, ao som variado dos grandes sucessos de outrora.
Ainda construímos alguns capítulos novos, mas a maioria é um reviver de lembranças.
Comparados os temores, buscamos os temores da juventude e não encontramos, eram moinhos de vento, tais quais os de Dom Quixote, e, no entanto, nos pareciam feras famintas!
Hoje reconhecemos que se resumiam apenas às novidades comuns do dia a dia, apenas nos eram desconhecidas.
O maior medo? Perdermos um do outro.
Ah! Mas esse continua!
Tenho medo de perdê-lo para a vida, para o tempo!
E lá se foram 40 anos de casamento.
E lá se foram 45 anos de convivência amorosa.
Não vou dizer que é quase meio século, pois me sentirei velha para continuar com minhas palavras de amor.
Não me sinto velha!
Quem me faz velha é o espelho.
E eu ainda não li nenhum estudo, para entender como descobriram a sua fidelidade de imagem.
E nem quero. Resta-me o benefício da dúvida.
Eu me faço jovem e velha, no meu dia.
Se tiver você comigo, reescrevendo memórias, ou novos capítulos, se rimos juntos de bobagens lembradas, nos emocionamos às lágrimas por outras lembranças de histórias que escrevemos, ou tantas batalhas vencidas, me mantenho jovem, pois você é minha força.
Seria velha, se não pudesse reconstruir com você novos capítulos.
É sua alegria que faz a minha. O seu sorriso que reflete outro em mim.
Aprendi nesses anos tantos, que dia a dia, fomos nos fundindo...
E lá atrás, naqueles abraços apaixonados, pensávamos que nos fundíamos um no outro. Doce ilusão dos apaixonados.
Fundimo-nos um no outro, dia a dia, nesses 40 anos de convivência diária, nos conhecendo, trilhando uma estrada que nos leva a objetivos comuns. A felicidade um do outro.
Fundimo-nos um, no outro, quando percebemos que realmente, somos um. E que, de verdade, não posso feri-lo, sem ferir a mim mesma, e é uma ferida que leva tempo a cicatrizar, e nesse tempo não há leveza, não há risos soltos, não há alegria, apenas pesares.
Fundimo-nos no dia a dia, quando o toque já não é ditado pela paixão. Os arrepios não acontecem na pele, mas todos os momentos, em qualquer toque de mão, e até no olhar, e vibra no pensamento, no valor reconhecido, e se aninha no coração agradecido.
Fundimo-nos, dia a dia, ano a ano, e aqui estamos...
Com mais rugas, olhando o espelho só de relance, sem arriscar, nunca, de perfil, mas, olhando, francamente, frente a frente, sem temores, os espelhos dos nossos olhos.
Esse é o espelho da verdade!
Conta mais sobre mim e ti, que o espelho de cristal.
Faz-me mais bela ou mais feia, verdadeiramente.
Houve muitos erros, sim, houve muitos...
Meus e seus...
Muitos aprendizados...
Olho para traz e tenho saudade de nós...
Mesmo dos tempos difíceis, não digo das horas difíceis, dos erros.
Pudesse os apagaria.
Mas dos tempos difíceis, pois me traz lembranças dos dribles que demos na vida.
De alguns sorrisos vitoriosos, que pudemos ostentar.
Somos vitoriosos da vida.
Cinco heróis que de batalha em batalha vencemos guerras.
Somos nós.
E estamos, ainda, aqui.
Outras lutas, talvez guerras, possam vir.
Talvez mudemos nossas armas, por não conseguirmos mais usarmos as mesmas armaduras e elmos de outrora, mas continuamos na luta.
Mas com certeza, e disso tenho certeza...
Conseguiremos, ainda, pelos dias que nos rentam, movidos pela alegria de estarmos juntos, aqui, ainda, e vencedores...
Dançar um rock in rol, talvez não tão natural, mas dançaremos!
E, abraçados, fingiremos dançar um bom samba, ou um bolero, como sempre fizemos, alegrando nossa vida, sem nos importarmos se alguém percebia o descompasso de nossos pés.
E daí?
Nossa alegria estava ritmada com o toque dos nossos corações que cantavam outra canção...
Uma canção de amor, como ainda canta agora.
Nunca soubemos dançar, mas ensaiamos e dançamos os compassos e ritmos que a vida sonorizou para nós.
E lá atrás, tínhamos medo do desconhecido!!!!
Talvez agora, a vida nos dê a oportunidade de dançar de rostinho colado, comemorando essa nossa “BODA DE ESMERALDA”, num compasso mais lento, um pra lá e um pra cá, pois a cada dia mais, precisamos apoiar-nos um ao outro.
Vem dançar comigo?
Meus pés já não tem a mesma destreza, mas meu coração rodopia dançando com você.
E se você sorrir para mim...
Pouco importa se errar mil vezes o compasso...
Amo-te, te amo!
Quarenta anos depois, eu digo: te amo, com a mesma facilidade, com que você sorri, quando digo.

Irani Martins
24/07/2016


segunda-feira, 30 de maio de 2016

DENISE, FUXIQUEI SEU CASAMENTO





DENISE,

FUXIQUEI SEU CASAMENTO...


O que é verdadeiramente “UM PRESENTE”?
Para mim. É estar “pré” vivendo, idealizando, ou “pré” preparando, pensando, organizando uma ideia, um momento, um gesto, um carinho.
E assim é, e assim foi...
Fuxicando, cozi e coloquei em cada flor, pensamentos e sentimentos para você.
Criando, atando cores, fazendo nós, harmonizando cores, idealizando alegrias, e na arte de cozer, fui amarrando as minhas bênçãos de mãe.
E foi assim, fuxicando, que enredei orações por sua felicidade...
Um presente singelo, puro amor construído, ponto a ponto!
Compor as partes de cada flor foi criar uma trova “orada por minhas mãos”, para que permanecessem costuradas à sua vida, a minha fé, de que Deus estará contigo na sua caminhada.
Não houve lágrimas, pois consegui antever o resultado de um cozimento de amor, transformado em um jardim de alegria para você.
Em tempo de cozimento, eu me “pre” senteei, antevendo sua alegria, seu sorriso, sua satisfação.
Ao concluir, continuei a me “pré” sentear, coração ansioso, à espera do brilho dos seus olhos.
E consegui a graça de ver o retorno, na sua alegria.
Não há “presente” que fique sem retorno, quando é um “PRÉ” SENTIDO, “PRÉ” AMADO.
Minha filha querida,
Espero que se sinta tão feliz e abraçada quanto eu.
Na simplicidade de tudo, a melhor festa aconteceu no colorido, na alegria e no presente verdadeiro, o abraço coletivo, um pedacinho de cada um, um Pré... sente construído por uma família que te ama.
Sinta-se verdadeiramente amada!
Foram dias, foram horas, foram meses, foram presenças, foram abraços, foram palavras, foram tantos os carinhos e de tão variadas formas, que não havia como não ser um verdadeiro cozimento de amor e aconchego.
O terreno foi preparado, e feito fértil de amor.
Enredamos-te, e abraçamos como você merece.
Sejam muito felizes!
E que os fuxicos, atados, flor a flor, cor a cor, por minhas orações maternas, permaneçam colorindo todos os dias de vossas vidas.
Amo-te!
Mamãe.
28/05/2016





segunda-feira, 16 de maio de 2016

O FRÁGIL PODE SER MAIS FORTE?


O FRÁGIL PODE SER MAIS FORTE?

Você sai de casa confiante, se sentindo a mesma de todos os dias.
Ou melhor, sentindo-se a mesma de tantos e tantos anos atrás.
Mas, a figura que você faz de si mesma, nem sempre corresponde ao que reflete para outras pessoas.
E hoje eu saí de casa me sentindo inteira, e retornei uma senhora idosa, frágil, desencantada, e com certeza, não é assim que normalmente me vejo.
Tentei entender, busquei respostas, mas o dia chegou ao fim, o sol adentrou o horizonte e a noite traz um pouco mais de escuridão às minhas interrogativas.
O que justifica um ser humano atacar, gratuitamente, a outro, com palavras grosseiras, quando aparentemente, não há um que nem por quê?
Saí em busca de ajuda e respostas para um problema e voltei com o mesmo problema e uma enorme angústia por não entender nada da agressão verbal sofrida.  Fiquei o dia todo tentando entender se a maior infelicidade era a minha ou dela.
A minha infelicidade, se dá, aos pensamentos que me entristecem, pois trazem a mim a certeza de que envelheci, e a minha imagem reflete muito pouco respeito, como sabemos é tão comum na nossa sociedade, não respeitar as pessoas mais velhas.
É real, envelheci!
Noutros tempos, talvez, discutisse, gastaria uma energia enorme tentando fazer valer minha justiça.  Até tentei argumentar, mas o absurdo me deixou estática e arrasada.
Outra prova de minha fragilidade foi que minha única reação foi parar na calçada e chorar, sem me importar com quem visse.
Não tinha raiva. Tinha tristeza, como tenho até então.
Passei um dia rememorando, tentando ver onde eu poderia ter errado e não encontro o ponto onde coloquei fogo no pavio e provoquei toda aquela explosão gratuita.
Concluo que, envelhecer é algo que precisamos aprender, não só aceitar.
Aprender que o que sentimos e vivemos dentro do nosso corpo nunca corresponde com o nosso exterior, e a leitura que as pessoas fazem de nós são diversas. 
São leituras feitas de acordo com a forma como nos olham, essa é a primeira leitura, a mais importante, a que pode nos levar ao paraíso ou ao inferno, dependendo do sentimento que colocam nesse olhar. Mas há a leitura corporal que podem nos colocar em posição de respeito ou em posição de possível vítima.
Deixei-me ser tratada assim? Não creio que tenha permitido.
Talvez os meus anos de vida, tenham me levado tão longe de fatos assim, que me estarreci, mas não enraiveci, não veio ao meu coração o instinto natural de caça e caçador, que pudesse me levar a uma defesa agressiva à altura. Umas lágrimas foram suficientes para lavar minha alma ferida. Ficou essa certeza incômoda de haver refletido meus anos de idade e a certeza da minha fragilidade haver fortalecido a violência natural de outrem.
No final do meu dia, um pensamento veio em meu socorro, e me trouxe paz.
“Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor”... Magoar alguém é terrível!

Irani Martins

16/05/2016