sexta-feira, 20 de abril de 2012

OLHAI OS LÍRIOS DOS CAMPOS

"Estive pensando muito na fúria cega com que os homens
 se atiram à caça do dinheiro.
É essa a causa principal dos dramas, das injustiças,
da incompreensão da nossa época.
Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam
 o que a vida lhes oferece de melhor:
as relações de criatura para criatura.
De que serve construir arranha-céus se
 não há mais almas humanas para morar neles?

É indispensável trabalhar,
 pois um mundo de criaturas passivas seria também
 triste e sem beleza.
Precisamos, entretanto,
 dar um sentido humano às nossas construções.
 E quando o amor ao dinheiro,
ao sucesso,
nos estiver deixando cegos,
saibamos fazer pausas para
 olhar os lírios do campo e as aves do céu.

Há na terra um grande trabalho a realizar.
 É tarefa para seres fortes, para corações corajosos.
 Não podemos cruzar os braços.

É indispensável que conquistemos este mundo,
 não com as armas do ódio e da violência,
e sim com as do amor e da persuasão.

Quando falo em conquistas,
quero dizer a conquista duma situação decente
 para todas as criaturas humanas,
 a conquista da paz digna,
através do espírito de cooperação."





Érico Veríssimo In Olhai os Lírios do Campo

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