quinta-feira, 12 de abril de 2012

APENAS REPASSANDO.... UM LINDO TEXTO QUE LI NO BLOG I believe... do you?

NOS SOPROS DA ALVORADA.




Há dias em que a saudade entra,
 vagabunda,
pelas frestas da janela,
 e me acorda com um beijo.
E, quando volto a dormir,
já não vou só.
 A dor vem comigo.


É esse o peso das ausências que chegam
no sopro da madrugada.
 O sopro inconstante que envolve e abraça, preenche e incomoda.
O sopro que nos lembra
que fica apenas o nada depois de tudo
 porque o próprio mundo se perde
 por entre as curvas cerradas ...
do desejo de vencer o impossível.

De olhos fechados,
 vejo-me arrancada de sonhos mais doces,
pela vontade de poder tornar reais
 essas mentiras
que a minha alma inventa para me manter viva. E abrir os olhos,
 é somente encontrar a verdade,
 envolta pelos sentimentos frios
 que tentei esconder
 no que há de mais profundo em mim.


A saudade.
 Esse sopro constante
que me arrefece a alma e
me gela o coração.
 Essa vaga de sentidos que
me tolhe nas dores mais insensatas.
É ela que me visita a cada manhã,
 por entre a luz morna da alvorada
e o fim mal pressentido da escuridão.
Luz e trevas.
 Memória e esquecimento.
Desilusão cantada e despida de razões.
 É tudo isso que me acorda dos meus sonhos e me atira para as paradas...
de tortura lenta que me moem
 ao longo de todo o dia.


Mas,
inconsciente do mal que causa,
 é a saudade que me aconchega
e é ela que me canta uma canção de embalar para que durma um pouco mais.
 É ela que se entranha nos meus sonhos
 e me traz as visões mais belas
de tudo o que foi e já não é.
 E é ela que me sorri quando
o sono me toma nos braços
 e a dor atenua um pouco.


Há dias em que a saudade entra e me beija,
 me fere.
E fico a pensar,
 entre o sono e a consciência que está tudo bem. Talvez,
apesar de tudo, seja essa dor a única capacidade de sentir que me restou.
Então,
deixo a saudade entrar pelas frestas da janela e
 abraço-a junto a mim.
Para sentir,
 não importa o quê.
 E adormecemos as duas
na dor mas com um sorriso no rosto
 porque sabemos que,
 independentemente de tudo,
 somos uma da outra,
para sempre.


Marina Ferraz

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