quarta-feira, 23 de abril de 2014

A CASA, O QUINTAL, O LAR a SAUDADE.


Da janela,
Avisto a casa ao lado, pintada de cor de rosa.
E a paineira amiga, sombreia, num colorido igual.
Alguém vem vindo, andando, com as mãos cheias dos
ovos frescos,colhidos agora.
Tal qual criança que foi, e ainda conserva muito dessa criança consigo, coloca alguns no bolso da camisa, da calça, para ajudar no transporte.
 
 
E a vista corre pela paisagem, colhendo o frescor do dia, que amanheceu com ares nublado, prometendo a chuva esperada e que será tão bem vinda.
O dia está convidando a ficar assim,
observando,
procurando o que na pressa de todo dia os nossos olhos não veem.
 
E meus ouvidos estão atentos, ao trinado dos passarinhos.
Bem te vis e canarinhos, parecem competir, cantando todos ao mesmo tempo.
Vejo um canário amarelo pousando na árvore ao lado,
 
mas a borboleta, encanta na florzinha do jardim.
 
 
Dias assim, me leva ao tempo que se foi...
E se foi há muito...
Um tempo em que vagalumes compunham a cena familiar das "contações de causos".
 
Para que luz elétrica, se a lua nos proporcionava a claridade necessária e ideal para o momento e para o cenário das narrativas?
 
Interessante, que a maioria dos "causos" contados eram de terror e era grande  a expectativa para o final da história.
Outros "causos", tinham fundo moral, e a maioria nos enternecia, pois sempre havia uma luta entre o bem e o mal, onde o bem sempre vencia, nos mostrando um lado puro da vida.
Crianças puras que fomos...
Sempre tinha alguma guloseima, prática, pois todo mundo de "mamando a caducando" queriam estar na roda.
Às vezes pipoca, bolinhos de chuva, chá, coisinhas assim, que complementava, pois o foco eram as histórias.
Meu pai contava as suas, e ele tinha uma especial "Os 40 bois", tantas vezes nos reunimos, tantas ele contava, e todo mundo ria, mesmo que já conhecesse e tivesse ouvido muitas e muitas vezes.
Tem coisa melhor que ouvir um pai contar seus "causos"?
 
Tem magia, tem orgulho, tem admiração,
tudo envolvido, com as emoções da narração.
Como tudo foi tão bom!
 
O dia me levou lá atrás....
E agora me traz de volta à minha realidade...
Tudo está tão quieto!
Não foi o dia...
Foi a saudade...
 
Irani Martins     23/04/2014




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