Resolvi tirar férias de mim...
Sei que não posso sair de férias remuneradas, muito menos tenho trinta dias
de descanso, mesmo que fracionasse em duas vezes.
Mas decidi...
Que por uns dias, e se não desse, um dia que fosse, não seria nada
rotulado, apenas eu mesma.
Assim como nasci...
Bem, nasci filha de minha mãe, mas ela já não está aqui, e somente ela
poderia me cobrar esse rótulo.
Decidi que no dia seguinte acordaria sendo apenas EU.
Como seria isso?
Tanto tempo vivendo para todos, que não conseguia começar a programação.
Resolvi deixar ao acaso, o novo dia.
Sabia com certeza que iria ler um bom livro, ver um filme, que há muito esperava ver, e vinha adiando.
Assim, comecei o meu dia de princesa!
Acordei sem olhar o velho relógio.
Tudo era silêncio, apenas minha alma cantava a liberdade.
Tomei um banho, me arrumei para mim mesma, sorrindo frente ao espelho, e saí em busca do meu filme, tão esperado.
Aproveitei e passei para comprar uma pipoca de micro-ondas, uma revista, um luxo há muito esquecido, e aluguei o filme que queria.
Sentei-me confortavelmente e abri o livro “O Arroz de Palma" de Francisco Azevedo e comecei a minha leitura.
O livro fala de família, de relacionamento, de amor, enfim... de tudo o que venho vivendo ao longo desta minha vida de rótulos, como tenho dito, por ser mãe, esposa, avó, irmã, filha, e todas funções de dedicação total.
Nem bem li dez páginas, as lágrimas de emoção, já embaçaram meus olhos, impedindo que prosseguisse a leitura.
Dei uma pausa, e resolvi andar um pouco pela casa vazia.
Fiz um lanche, me deitei um pouco, e acabei dormindo.
Acordei e dei uma volta pelo quintal...
Até aqui sorria por dentro!
Um dia inteiro de descanso, tranquilo, e todo para mim.
Voltei, fiz minha pipoca de micro-ondas, sabendo que não haveria ninguém a me censurar pelo excesso de sal ou de gordura, e fui ver o filme "Casamento Grego", e lá vêm de novo, a emoção, as lembranças, embaçando o brilho das minhas "férias de mim"!
Nem consegui comer a pipoca sem chorar de saudade.
Não me lembrava de ter vivido um dia assim.
Sem compromisso algum, com quem quer que seja!
Imaginei criar um roteiro de atividades e diversões...
E se aparecesse alguém precisando de mim, adiaria minhas férias por mais um dia, e isso apenas aumentaria minha expectativa e meu ensaio.
Tanto tempo vivendo para todos, que não conseguia começar a programação.
Resolvi deixar ao acaso, o novo dia.
Sabia com certeza que iria ler um bom livro, ver um filme, que há muito esperava ver, e vinha adiando.
Assim, comecei o meu dia de princesa!
Acordei sem olhar o velho relógio.
Tudo era silêncio, apenas minha alma cantava a liberdade.
Tomei um banho, me arrumei para mim mesma, sorrindo frente ao espelho, e saí em busca do meu filme, tão esperado.
Aproveitei e passei para comprar uma pipoca de micro-ondas, uma revista, um luxo há muito esquecido, e aluguei o filme que queria.
Sentei-me confortavelmente e abri o livro “O Arroz de Palma" de Francisco Azevedo e comecei a minha leitura.
O livro fala de família, de relacionamento, de amor, enfim... de tudo o que venho vivendo ao longo desta minha vida de rótulos, como tenho dito, por ser mãe, esposa, avó, irmã, filha, e todas funções de dedicação total.
Nem bem li dez páginas, as lágrimas de emoção, já embaçaram meus olhos, impedindo que prosseguisse a leitura.
Dei uma pausa, e resolvi andar um pouco pela casa vazia.
Fiz um lanche, me deitei um pouco, e acabei dormindo.
Acordei e dei uma volta pelo quintal...
Até aqui sorria por dentro!
Um dia inteiro de descanso, tranquilo, e todo para mim.
Voltei, fiz minha pipoca de micro-ondas, sabendo que não haveria ninguém a me censurar pelo excesso de sal ou de gordura, e fui ver o filme "Casamento Grego", e lá vêm de novo, a emoção, as lembranças, embaçando o brilho das minhas "férias de mim"!
Nem consegui comer a pipoca sem chorar de saudade.
Agora, o próximo passo é o programa para o segundo dia...
O segundo dia...
No segundo dia...
Penso que será feito de silêncios, de ouvir apenas minha própria respiração e os zumbidos dos meus ouvidos.
Saberei lidar com o silêncio nos intervalos, entre uma e outra coisa a fazer?
Porque agora, aqui, me dei conta, de que não sei de outras coisas a fazer sozinha.
Nunca vivi sendo apenas EU, sempre vivi sendo NÓS.
E agora, não sei o que é ser isso...
Pensei que seria cheio de MIM, e me vejo perdida sem as outras metades da minha vida.
Pensei que nunca os deixasse sós, por cuidado, e que suas exigências não deixavam espaço para ser eu mesma.
E meu programa de férias está parado no segundo dia.
Eu sou um composto de rótulos, que conquistei ao longo da vida, e julguei ser um peso, até que fiquei frente à TV com meu saco de pipoca, e a garganta travada, segurando um choro, que se saísse preencheria o segundo dia das férias.
E as "férias de mim" ficaram assim...
Durou 24 horas de muita saudade!
Saudade de tudo!!!!
Não são eles que me atam às suas vidas.
Sou eu que me anelo a eles, para ser completa.
Eles se vão...
Eu fico e vou.
Estou cá e estou lá, onde eles estiverem.
Eu nunca os deixei... Não por eles...
Por mim mesma!!!!!
Irani Martins
02/02/2015
Irani.
ResponderExcluirAcho que nunca li nada com tanto cheiro da cozinha da minha mãe...
Você tem razão, somos nós que não conseguimos ficar sem eles e, cá entre nós, eles também não conseguem. Na verdade, todos somos "NÓS"!
Parabéns e obrigado por este inesquecível momento que me deste.
Um grande e carinhoso abraço, deste que muito a admira.