“A FELICIDADE É O CAMINHO”
E hoje você amanheceu
comigo, meu pai, passeando pelo meus pensamentos, viajando nas minhas lembranças,
mexendo com minhas emoções, dentro do seu espaço, aqui, dentro de mim, na sua
eterna morada, o meu coração!
Me lembrei de nossas
peripécias e ao mesmo tempo, de uma
frase, de Gandhi, que diz assim...
” Não existe um caminho
para a felicidade.
A felicidade é o caminho.”
Nunca te perguntei, até
porque naquela época, ainda imatura, não via o que você, nas entrelinhas da
vida, nos mostrava, mas acho que você vivia de acordo com uma idéia assim, tal
qual a frase de Gandhi.
Vejo isso hoje, agora,
nesta manhã, em que acordo na sua companhia, que você a todo instante nos
conduzia pelo caminho da felicidade, apenas não sabíamos.
As manhãs, em que acordávamos
com suas cantorias, o café da manhã, a melhor refeição do dia, feita de ovos
fritos, que na ausência do pão era comido com farinha de mandioca, o azeite de
oliva no prato, com pitada de sal, e pedacinhos de pão que íamos molhando aos
poucos naquela delícia, saboreado como o manjar dos Deuses. Isso acompanhado de leite e café. Mas tudo
isso não seria nada se não fosse a sua presença, ali, nos ensinando como comer
essas delícias. Tudo tinha um “algo mais” que tornava o momento tão especial!
Mostrou-nos que viajar,
viver uma aventura, não era preciso ir muito longe., bastava viver o momento,
aproveitar o que se tinha à mão, e “VER” o que precisava ser visto.
Tal qual a frase acima, “a
felicidade é o caminho”, você transformava uma simples ida à cidade vizinha, numa
deliciosa aventura. Os passeios à Rio Preto, sem hora ou dia de voltar,
começava com a primeira parada logo alí em Tanabi. Lá comprávamos um frango
assado e mandávamos embrulhar. Você conhecia seus filhos, sabia que já estavam
salivando as promessas daquele prêmio, assim, no primeiro riacho, à beira da
estrada, acontecia o primeiro evento da viagem onde a “felicidade é o caminho”,
sentávamos à beira do córrego, molhávamos os pés para espantar o calor, ríamos,
brincávamos, e fazíamos um pic nic, onde o frango era a delícias das delícias.
Toda viagem a Rio Preto
eram cheias de expectativas.
Outras vezes, o Rio São
José dos Dourados, foi o local escolhido para o nosso pic nic de pão com mortadela, risos, muita alegria, descobrindo
as minas onde jorravam águas cristalinas, andar sobre as pedras e ouvir suas
contações de histórias.
Os banhos de bica, no
açude, de Estrêla D´Oeste, nas tardes de domingo, eram, não só passeios, mas verdadeiras
aventuras para nós, crianças que víamos o mundo olhando para cima e sempre víamos
a bica como as “Cataratas do Iguaçu”.
Dinheiro pouco, e era
pouco, não tirava o brilho do nosso passeio, já que uma lata de sardinha faz um
bom patê para vários sanduíches. Assim era o seu coração para conosco. Se
multiplicava em amor e bondade. Suas parcas providências parece nem eram
notadas, já que o que mais nos lembramos são dos passeios, dos caminhos e da
felicidade.
Você faz muita falta!Ainda saboreamos deliciosamente os ovos fritos com pão, molhando os pedacinhos na gema mole, ou farinha se não há pão.
E o azeite, que agora virou moda, continua na nossa mesa, e ainda causa estranheza a algumas pessoas quando o consumimos assim...molhando os pedacinhos de pão...e embebidos o saboreamos com café.
Hoje você acordou comigo e está comigo!
Me lembrando da importância
de saber percorrer esta estrada, de atribuir valor ao que de fato tem seu
valor, e que o legado deixado de boas lembranças e ensinamentos é muito, mas muito mais importante mesmo, que coisas
materiais que consumimos e usamos no mesmo trajeto.
Obrigada meu pai, por fazer
do seu tempo conosco “o caminho da felicidade.”
Irani Martins
25/07/2014
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