sexta-feira, 25 de julho de 2014

"A FELICIDADE É O CAMINHO"

A FELICIDADE É O CAMINHO

E hoje você amanheceu comigo, meu pai, passeando pelo meus pensamentos, viajando nas minhas lembranças, mexendo com minhas emoções, dentro do seu espaço, aqui, dentro de mim, na sua eterna  morada, o meu coração!
Me lembrei de nossas peripécias e ao mesmo tempo,  de uma frase, de Gandhi, que diz assim...

” Não existe um caminho para a felicidade.
 A felicidade é o caminho.”

Nunca te perguntei, até porque naquela época, ainda imatura, não via o que você, nas entrelinhas da vida, nos mostrava, mas acho que você vivia de acordo com uma idéia assim, tal qual a frase de Gandhi.
Vejo isso hoje, agora, nesta manhã, em que acordo na sua companhia, que você a todo instante nos conduzia pelo caminho da felicidade, apenas não sabíamos.

As manhãs, em que acordávamos com suas cantorias, o café da manhã, a melhor refeição do dia, feita de ovos fritos, que na ausência do pão era comido com farinha de mandioca, o azeite de oliva no prato, com pitada de sal, e pedacinhos de pão que íamos molhando aos poucos naquela delícia, saboreado como o manjar dos Deuses.  Isso acompanhado de leite e café. Mas tudo isso não seria nada se não fosse a sua presença, ali, nos ensinando como comer essas delícias. Tudo tinha um “algo mais” que tornava o momento tão especial!
Mostrou-nos que viajar, viver uma aventura, não era preciso ir muito longe., bastava viver o momento, aproveitar o que se tinha à mão, e “VER” o que precisava ser visto.

Tal qual a frase acima, “a felicidade é o caminho”, você transformava uma simples ida à cidade vizinha, numa deliciosa aventura. Os passeios à Rio Preto, sem hora ou dia de voltar, começava com a primeira parada logo alí em Tanabi. Lá comprávamos um frango assado e mandávamos embrulhar. Você conhecia seus filhos, sabia que já estavam salivando as promessas daquele prêmio, assim, no primeiro riacho, à beira da estrada, acontecia o primeiro evento da viagem onde a “felicidade é o caminho”, sentávamos à beira do córrego, molhávamos os pés para espantar o calor, ríamos, brincávamos, e fazíamos um pic nic, onde o frango era a delícias das delícias.
Toda viagem a Rio Preto eram cheias de expectativas.

Outras vezes, o Rio São José dos Dourados, foi o local escolhido para o nosso pic nic  de pão com mortadela, risos, muita alegria, descobrindo as minas onde jorravam águas cristalinas, andar sobre as pedras e ouvir suas contações de histórias.
Os banhos de bica, no açude, de Estrêla D´Oeste, nas tardes de domingo, eram, não só passeios, mas verdadeiras aventuras para nós, crianças que víamos o mundo olhando para cima e sempre víamos a bica como as “Cataratas do Iguaçu”.
 
 
 
 

Dinheiro pouco, e era pouco, não tirava o brilho do nosso passeio, já que uma lata de sardinha faz um bom patê para vários sanduíches. Assim era o seu coração para conosco. Se multiplicava em amor e bondade. Suas parcas providências parece nem eram notadas, já que o que mais nos lembramos são dos passeios, dos caminhos e da felicidade.
Você faz muita falta!

Ainda saboreamos deliciosamente os ovos fritos com pão, molhando os pedacinhos na gema mole,  ou farinha se não há pão.



E o azeite, que agora virou moda, continua na nossa mesa, e ainda causa estranheza a algumas pessoas  quando o consumimos assim...molhando os pedacinhos de pão...e embebidos o saboreamos com café. 

 
 
 
 
Hoje você acordou comigo e está comigo!

Me lembrando da importância de saber percorrer esta estrada, de atribuir valor ao que de fato tem seu valor, e que o legado deixado de boas lembranças e ensinamentos  é muito, mas muito mais importante mesmo, que coisas materiais que consumimos e usamos no mesmo trajeto.

Obrigada meu pai, por fazer do seu tempo conosco “o caminho da felicidade.”

Irani Martins

25/07/2014

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