O BRASIL
QUE OLHEI E NÃO VI.
VOCÊ
VIU?
Há quase
40 anos atrás, vivi a aventura de viver e conhecer as terras do estado do Mato
Grosso. (naquele tempo, só Mato Grosso mesmo.)
Para esta empreitada, num fusca,
tínhamos uma jornada de 600 km mais ou menos, de chão de terra batida, como se
dizia na época.
E para atravessar do estado de S. Paulo para o Estado do Mato
Grosso, havia que atravessar o Rio Paraná e isso era feito de balsa, o que
demorava em torno de uma hora, a travessia.
Hoje a travessia é feita pela ponte Rodoferroviária.
Atravessávamos
o Chapadão do Mato Grosso, onde havia uma única parada, denominada "VACA
PARIDA", não me pergunte o porquê do nome. Gente, o banheiro era daqueles
de casinha e buraco no chão. (caso alguém não saiba o que é isso, pesquisem no Google).
E era lá na "VACA PARIDA" que descansávamos da viagem. (ou não)
Pisei
estas terras, considerando estar vivendo a maior das aventuras.
Sentíamos-nos
pioneiros, mesmo que tantos já haviam vivido o mesmo antes de nós.
E
chegamos às terras mato-grossenses, que margeavam o Rio Araguaia, na divisa com
Goiás.
Instalamos-nos
na cidade de Alto Araguaia (MT), para trabalhar no Banco do Brasil.
Energia
elétrica era de uso diurno, um tanto contraditório, mas era mesmo assim. Fazia
parte do enxoval, um lampião a gás, e quem não tinha, precisava providenciar.
Fui feliz, ganhei o meu do colega José Maria.
Terra de
gente aconchegante marcou a memória e o coração.
Instalamos-nos,
e a vida parecia uma festa, pois todo dia tinha um novo convite, para um
encontro na AABB, à luz de lampião, ao som de um violão, e a comida, era o
menos importante, porque um pão com linguiça era um maná dos Deuses na
companhia dos colegas e tendo a Dilma ao violão.
Bons
tempos!
E hoje,
voltando de uma viagem a Coxim (MS), olhando o progresso ao longo da estrada, observando com outros olhos (diferentes da forma que via naquela época),
percebi, que vivi nestas terras um tempo e não a vi. Não vi nada do que estou
vendo agora.
Benditos
os que viram que as terras do cerrado, tão criticadas por tantos que as viam
como "terras fracas" "inférteis", as terras do Chapadão Mato-grossense,
tão "árida", poderiam se tornar nesse espetáculo que aqui vejo.
Novas cidades fundadas ao longo desses anos. As fotos aqui postadas são do trecho que vai de Costa Rica (MS) a Chapadão do Sul (MS)
Roças de
algodão, um mar branco que emenda com o azul do céu.
Os rolos de algodão colhido aguardam transporte ao longo da estrada. E o transporte é feito de trem (FERRONORTE) e caminhões.
Agora as
terras descansam para a próxima safra. Assim que a chuva chegar, é a semente do
milho que deita ao chão para germinar.
Os
seringais já fazem parte da paisagem, originando novas fontes de trabalho, com
moradias aos trabalhadores no sistema de parceria.
As
plantações de eucalipto estão em crescimento, contribuindo para a indústria de
celulose e ao mesmo tempo colaborando com a ecologia.
A
pecuária ainda permanece, em comunhão com as novas produções, pois entre um
plantio e outro o gado se alimenta dos restos da safra.
A tecnologia chegou e ficou. A concepção de fazenda que tínhamos, não mais existe, neste cenário. Agora as fazendas são celeiros enormes para estocagem das produções, com infraestrutura tecnológica necessária ao acompanhamento do mercado para comercialização à distância.
As estradas precisam sim, serem melhoradas, porque o fluxo de veículos cresce consideravelmente, devido ao progresso, e a necessidade de transportar as safras colhidas e comercializadas. Mas nada de chão batido, como os que percorri.
Além das
aparências...
Além das
aparências, havia terreno fértil, onde a semente havia de germinar, florir e
multiplicar.
Precisava
dividir com vocês a beleza que eu vi.
Esse é o
Brasil que poucos veem.
O Brasil
que eu não vi, quando quis retornar ao meu estado.
O Brasil
que muitos não veem porque julgam que o progresso está nos lugares mais
populosos.
Esse é o
Brasil que a maioria dos brasileiros não conhece.
E você
viu?
Coloco
aqui fotos para ilustrar o que vi.
ISTO É
BRASIL!
Irani
Martins
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