terça-feira, 25 de julho de 2017

“A FELICIDADE É O CAMINHO”












A FELICIDADE É O CAMINHO

E hoje você amanheceu comigo, meu pai, passeando pelo meus pensamentos, viajando nas minhas lembranças, mexendo com minhas emoções, dentro do seu espaço, aqui, dentro de mim, na sua eterna  morada, o meu coração!
Lembrei-me de nossas peripécias e ao mesmo tempo, de uma frase, de Gandhi, que diz assim...
“Não existe um caminho para a felicidade”.
 “A felicidade é o caminho.”
Nunca te perguntei, até porque naquela época, ainda imatura, não via o que você, nas entrelinhas da vida, nos mostrava, mas acho que você vivia de acordo com uma ideia assim, tal qual a frase de Gandhi.
Vejo isso hoje, agora, nesta manhã, em que acordo na sua companhia, que você a todo instante nos conduzia pelo caminho da felicidade, apenas não sabíamos.
As manhãs, em que acordávamos com suas cantorias, o café da manhã, a melhor refeição do dia, feita de ovos fritos, que na ausência do pão era comido com farinha de mandioca, o azeite de oliva no prato, com pitada de sal, e pedacinhos de pão que íamos molhando aos poucos naquela delícia, saboreado como o manjar dos Deuses.  Isso acompanhado de leite e café. Mas tudo isso não seria nada se não fosse a sua presença, ali, nos ensinando como comer essas delícias. Tudo tinha um “algo mais” que tornava o momento tão especial!
Mostrou-nos que para viajar, viver uma aventura, não era preciso ir muito longe, bastava viver o momento, aproveitar o que se tinha à mão, e “VER” o que precisava ser visto.
Tal qual a frase acima, “a felicidade é o caminho”, você transformava uma simples ida à cidade vizinha, numa deliciosa aventura. Os passeios à Rio Preto, sem hora ou dia de voltar, começavam com a primeira parada logo ali em Tanabi. Lá comprávamos um frango assado e mandávamos embrulhar. Você conhecia seus filhos, sabia que já estavam salivando as promessas daquele prêmio, assim, no primeiro riacho, à beira da estrada, acontecia o primeiro evento da viagem onde a “felicidade é o caminho”, sentávamos à beira do córrego, molhávamos os pés para espantar o calor, ríamos, brincávamos, e fazíamos um pic nic, onde o frango era a delícias das delícias.
Toda viagem a Rio Preto eram cheias de expectativas.
Outras vezes, o Rio São José dos Dourados, foi o local escolhido para o nosso pic nic de pão com mortadela, risos, muita alegria, descobrindo as minas onde jorravam águas cristalinas, andar sobre as pedras, descobrindo minúsculas quedas d’água, que chamávamos “cachoeira” tudo isso ilustrado por suas contações de histórias.
Os banhos de bica, no açude, de Estrela D´Oeste, nas tardes de domingo, eram, não só passeios, mas verdadeiras aventuras para nós, crianças que víamos o mundo olhando para cima e sempre víamos a bica como as “Cataratas do Iguaçu”.
Dinheiro pouco, e era pouco, não tirava o brilho do nosso passeio, já que uma lata de sardinha faz um bom patê para vários sanduíches. Assim era o seu coração para conosco. Multiplicava-se em amor e bondade. Suas parcas providências, parece nem eram notadas, já que o que mais nos lembramos são dos passeios, dos caminhos e da felicidade.
Você faz muita falta!
Mas ainda saboreamos deliciosamente os ovos fritos com pão, molhando os pedacinhos na gema mole, ou farinha se não há pão.
E o azeite, que agora virou moda, continua na nossa mesa, e ainda causa estranheza a algumas pessoas quando o consumimos assim... molhando os pedacinhos de pão..
Hoje você acordou comigo e está comigo!
Lembrando-me da importância de saber percorrer esta estrada, de atribuir valor ao que de fato tem seu valor, e que o legado deixado de boas lembranças e ensinamentos é muito, mas muito mais importante mesmo, que coisas materiais que consumimos e usamos no mesmo trajeto.
Obrigada meu pai, por fazer do seu tempo conosco “o caminho da felicidade.”.


Irani Martins

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