sábado, 8 de outubro de 2016

PRENDI O CANTO DO PÁSSARO, CONTIGO, NA GAIOLA.


PRENDI O CANTO DO PÁSSARO, CONTIGO, NA GAIOLA.

Quando vi que o som da natureza não te acordou,
Que o canto dos pássaros, não adentrou o seu mundo,
Que não mais via o mundo com os mesmos olhos,
E todo o som que ouvia, era o ruído dos seus próprios pensamentos,
Prendi o canto do pássaro em uma gaiola,
E coloquei à sua frente,
Na esperança que renascesses...
Vivi um mundo inquieto,
De olhos atentos,
De “ouvidos em pé”,
De silêncio profundo,
Esperando sinais...
Um brilho nos olhos,
Uma palavra muda,
Um som que falasse...
Um gesto de vida.
E o canto engaiolado foi trinando mais alto...
Repicava a garganta, o canário que cantava,
Se não sabia em consciência,
Adivinhava a responsabilidade do seu canto,
E cantou...
Aprendeu novas notas,
Criou novos compassos,
E tornou mais belo o seu canto,
Adentrou o ouvido que se mostrava surdo,
Deu vida aos olhos embaçados,
Movimentou a boca num sorriso tímido,
Trouxe ação ao corpo que se mantinha inerte.
E este, num momento de descuido,
Se fez vivo,
E trouxe uma companhia para seu pássaro cantante,
Quanto te vi,
Surdo para som do mundo,
Prendi o canto do pássaro contigo na mesma gaiola,
E trouxe a vida de volta para ti.

Irani Martins
07/09/2016



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