segunda-feira, 23 de novembro de 2015

VOCÊ SABE O QUE É FELICIDADE?


VOCÊ SABE O QUE É FELICIDADE?

E tem aqueles dias...
Que acordo...
E comigo acorda, também,
A nostalgia!
Companheira nas minhas saudades.

E o alvo da minha saudade,
Faz-se tão presente!
Veio montada nas lembranças,
Enquanto olho a paisagem da janela,
E deito coalho no leite,

Penso no que pensava ela, nos idos dias,
Em que media o coalho,
Drenava o soro,
Enformava a massa,
Fazia o queijo,
Um único queijo...
Que resultava em benefício para os seus...

Vendido, retornava a casa,
Transformado no que mais precisava no momento.
Somente alguém que sonha,
E busca soluções,
No quintal do seu próprio coração,
Sabe transformar coisas...
Sabe ser poderosa...
Tendo apenas um só queijo nas mãos!

E me vem à mente outra lembrança,
Quase igual, em época diferente,
Só que dessa vez,
Era eu quem sorava o leite,
Era eu a fabricar o queijo,
Ela me observava fazendo o que  me havia ensinado.

Fiz o primeiro queijo...
Enquanto ela me olhava,
E já me preparava para fazer o segundo queijo...
Quando ela me interrompe dizendo admirada!:
- Irani, você faz dois queijos?
- Como você é sortuda!
Meu Deus, que cena emocionante!
Que lição me enviaste, através dela...
Que sutileza a sua!

Voltei no tempo,
E revi a ela  fazendo o seu queijo,
E mais que nunca, entendi o valor daquilo para ela.
E ela ali...
Olhando-me...admirada...
De toda a minha riqueza!!!!
E eu..
Conclui meu queijo, salgado...
Pelas lágrimas que não consegui segurar.

E agora,
Enformo meu queijo...
Cuido do meu tesouro...
Coração apertado pela saudade,
E relembro das suas palavras...
Não há como não me emocionar novamente!

Colho e recolho a lição...
Elas chegam nas entrelinhas da vida,
Basta fazer a leitura,
Felicidade...
Para ela era um queijo,
E eu com dois, sei o que é?

Irani Martins
23/11/2015




segunda-feira, 2 de novembro de 2015

CASA ARRUMADA

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas…
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida…
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto…
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos…
Netos, pros vizinhos…
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias…
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela…
E reconhecer nela o seu lugar.
Texto de Lena Gino