segunda-feira, 30 de maio de 2016

DENISE, FUXIQUEI SEU CASAMENTO





DENISE,

FUXIQUEI SEU CASAMENTO...


O que é verdadeiramente “UM PRESENTE”?
Para mim. É estar “pré” vivendo, idealizando, ou “pré” preparando, pensando, organizando uma ideia, um momento, um gesto, um carinho.
E assim é, e assim foi...
Fuxicando, cozi e coloquei em cada flor, pensamentos e sentimentos para você.
Criando, atando cores, fazendo nós, harmonizando cores, idealizando alegrias, e na arte de cozer, fui amarrando as minhas bênçãos de mãe.
E foi assim, fuxicando, que enredei orações por sua felicidade...
Um presente singelo, puro amor construído, ponto a ponto!
Compor as partes de cada flor foi criar uma trova “orada por minhas mãos”, para que permanecessem costuradas à sua vida, a minha fé, de que Deus estará contigo na sua caminhada.
Não houve lágrimas, pois consegui antever o resultado de um cozimento de amor, transformado em um jardim de alegria para você.
Em tempo de cozimento, eu me “pre” senteei, antevendo sua alegria, seu sorriso, sua satisfação.
Ao concluir, continuei a me “pré” sentear, coração ansioso, à espera do brilho dos seus olhos.
E consegui a graça de ver o retorno, na sua alegria.
Não há “presente” que fique sem retorno, quando é um “PRÉ” SENTIDO, “PRÉ” AMADO.
Minha filha querida,
Espero que se sinta tão feliz e abraçada quanto eu.
Na simplicidade de tudo, a melhor festa aconteceu no colorido, na alegria e no presente verdadeiro, o abraço coletivo, um pedacinho de cada um, um Pré... sente construído por uma família que te ama.
Sinta-se verdadeiramente amada!
Foram dias, foram horas, foram meses, foram presenças, foram abraços, foram palavras, foram tantos os carinhos e de tão variadas formas, que não havia como não ser um verdadeiro cozimento de amor e aconchego.
O terreno foi preparado, e feito fértil de amor.
Enredamos-te, e abraçamos como você merece.
Sejam muito felizes!
E que os fuxicos, atados, flor a flor, cor a cor, por minhas orações maternas, permaneçam colorindo todos os dias de vossas vidas.
Amo-te!
Mamãe.
28/05/2016





segunda-feira, 16 de maio de 2016

O FRÁGIL PODE SER MAIS FORTE?


O FRÁGIL PODE SER MAIS FORTE?

Você sai de casa confiante, se sentindo a mesma de todos os dias.
Ou melhor, sentindo-se a mesma de tantos e tantos anos atrás.
Mas, a figura que você faz de si mesma, nem sempre corresponde ao que reflete para outras pessoas.
E hoje eu saí de casa me sentindo inteira, e retornei uma senhora idosa, frágil, desencantada, e com certeza, não é assim que normalmente me vejo.
Tentei entender, busquei respostas, mas o dia chegou ao fim, o sol adentrou o horizonte e a noite traz um pouco mais de escuridão às minhas interrogativas.
O que justifica um ser humano atacar, gratuitamente, a outro, com palavras grosseiras, quando aparentemente, não há um que nem por quê?
Saí em busca de ajuda e respostas para um problema e voltei com o mesmo problema e uma enorme angústia por não entender nada da agressão verbal sofrida.  Fiquei o dia todo tentando entender se a maior infelicidade era a minha ou dela.
A minha infelicidade, se dá, aos pensamentos que me entristecem, pois trazem a mim a certeza de que envelheci, e a minha imagem reflete muito pouco respeito, como sabemos é tão comum na nossa sociedade, não respeitar as pessoas mais velhas.
É real, envelheci!
Noutros tempos, talvez, discutisse, gastaria uma energia enorme tentando fazer valer minha justiça.  Até tentei argumentar, mas o absurdo me deixou estática e arrasada.
Outra prova de minha fragilidade foi que minha única reação foi parar na calçada e chorar, sem me importar com quem visse.
Não tinha raiva. Tinha tristeza, como tenho até então.
Passei um dia rememorando, tentando ver onde eu poderia ter errado e não encontro o ponto onde coloquei fogo no pavio e provoquei toda aquela explosão gratuita.
Concluo que, envelhecer é algo que precisamos aprender, não só aceitar.
Aprender que o que sentimos e vivemos dentro do nosso corpo nunca corresponde com o nosso exterior, e a leitura que as pessoas fazem de nós são diversas. 
São leituras feitas de acordo com a forma como nos olham, essa é a primeira leitura, a mais importante, a que pode nos levar ao paraíso ou ao inferno, dependendo do sentimento que colocam nesse olhar. Mas há a leitura corporal que podem nos colocar em posição de respeito ou em posição de possível vítima.
Deixei-me ser tratada assim? Não creio que tenha permitido.
Talvez os meus anos de vida, tenham me levado tão longe de fatos assim, que me estarreci, mas não enraiveci, não veio ao meu coração o instinto natural de caça e caçador, que pudesse me levar a uma defesa agressiva à altura. Umas lágrimas foram suficientes para lavar minha alma ferida. Ficou essa certeza incômoda de haver refletido meus anos de idade e a certeza da minha fragilidade haver fortalecido a violência natural de outrem.
No final do meu dia, um pensamento veio em meu socorro, e me trouxe paz.
“Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor”... Magoar alguém é terrível!

Irani Martins

16/05/2016