segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A DOR ... QUE DÓI !















A DOR... QUE DÓI.
E tem aqueles dias que temos que ser de ferro.
E como ser ferro, quando somos apenas um amontoado de emoções, abraçadas por esse corpo frágil que tudo absorve?
E os doentes do físico e da alma que nos rodeiam, esperam que sejamos seu esteio.
E. vamos sendo, assim, um remendo de força....
Cabeça erguida, coluna ereta, vamos tentando ser!
Apoiamos-nos em muletas que criamos para nos ajudar nessas empreitadas da vida.
Mas, contudo, seguimos em frente.
Vezes há que conseguimos ter palavras no momento preciso, ações nas horas mais difíceis, mas há também os dias, as horas e tantas vezes que a covardia nos acorrenta, nos imobiliza.
Parece que se esgota em nós a fonte de palavras consoladoras.
Não é um cansaço, mas “um que” de não conseguir olhar nos olhos que sofrem, por não alcançar a profundidade da dor, e não saber mais os recursos verbais que amenizam.
Os olhos buscam esperança, não mais apenas palavras!
E a covardia que se apossa de nós, nos pede para sair de cena, mas uma covardia maior ainda, aquela que nos coloca a mercê dos julgamentos sobre nossas ações, nos segura mais um tempo.
É um doer doído!
Dói ver e não agir. Dói olhar os olhos que gritam em silêncio e não saber mais o que dizer,
Dói... dói...Dói não saber plantar novas esperanças...
Não saber curar com as mãos, não ter o remédio para essa dor, que passa a doer aqui também!
Só resta então... um último recurso, orarmos juntos, mesmo em silêncio, pois até o convite é  mudo.

Irani Martins
21/09/2015

MEU PÉ DE MANGA ROSA


MEU PÉ DE MANGA ROSA
Lá está ele,
No mesmo lugar onde foi plantado.
No pé da rampa que desce ao quintal.
Quando passo pela varanda há entre nós um diálogo silencioso...
Eu lhe falo das minhas lembranças, conto da minha saudade;
Dos dias idos, em que tu colhias, ao amanhecer, as mangas caídas ao chão;
De como gostavas de chupá-las, sugando pelo biquinho;
De como o considerava -“O PÉ DE MANGA ROSA” - um manancial de gostosura;
Contei que fazias montinhos de mangas e voltava recolhendo em uma cesta;
E quando se ia, levava consigo seu tesouro infinito de sabores.
E em nosso diálogo silencioso, ouvi o meu pé de manga rosa;
Ele me disse coisas, que vão além das minhas lembranças...
Além da minha saudade...
Falou-me sobre olvidar o tempo;
Sobre a colheita que não fiz;
Disse-me que colhi lembranças...
De falar dos vários tons das suas cores;
Das cenas que guardei e estou a lembrar;
E, contudo, não colhi o sabor de experimentar “juntinho” o sabor da manga rosa no biquinho;
De juntas fazermos a colheita de suas mangas;
Olvidei o tempo, achando que faria dele lembranças também.
Mas o tempo não para. Ele não esperou por mim e passou!
E com ele, passou o momento da verdadeira colheita...
Quatro anos depois...
O pé de manga rosa volta a florir;
E está carregado de mangas, prometendo uma safra longa de doce sabor;
E você não as colherá...
E eu, só tenho as lembranças colhidas,
E colho agora, a eterna saudade de você.
Te amo, mãe querida,  para todo o sempre!

Irani Martins

21/09/2015