O trem da passarada
É noite...
E as nossas noites se compunham de pais e filhos ao redor da mesa,
ou no quintal, nas noites quentes,
junto aos vagalumes.
Pena que meus filhos não conheceram a toada do vagalume tem tem,
nem o trem da passarada,
nem a versão da estória dos quarenta bois.
Teriam se apaixonado por ele (meu pai),
assim como nós.
E a gente ouvia uma vez
e de novo e outra vez
a mesma estória
e a cada vez a expectativa era igual,
ainda esperávamos o desfecho final da estória como se fosse nova.
Isso era sua magia!
Seu carisma!
Ao redor da mesa,
novamente,
ouvíamos o trem da passarada.
Trinados e cantos de todas as aves.
Beleza só entendida pelos que viveram.
Entendo hoje...
Se tivesse ainda o trem da passarada,
ouviria com meus filhos
e o daria de presente ao meu marido, que entende tão bem, a beleza natural,
da criação Divina.
Esta mensagem,
levo aos meus irmãos,
com a pergunta,
já se sentaram ao redor da mesa com seus filhos?
Já foram mágicos?
Contaram estórias?
Criaram seus personagens?
Já cantou com eles?
Lembrem...relembrem...
As viagens, os passeios, as aventuras...
E todas as bobagens DE e COM NOSSO PAI.
Quão ricos fomos, quão felizes somos!
temos nossas recordações!
Irani/ 14.12.2003.